É possível aprender sobre a vida ao escrever um livro?
E, aliás, o que você poderia aprender?
Talvez você tenha pensado: mas eu não pretendo aprender nada, só quero escrever um livro.
Tudo bem, porém é inevitável.
Quando você coloca suas palavras no papel é como se cinzelasse uma pedra, deixando suas marcas, mas esta pedra é interna. É uma parte sua, que ficará marcada para sempre porque você escreveu um livro.
Por mais que seja tentador, não quero romantizar aqui.
Apenas pretendo deixar claro (e isso é um alerta) que escrever um livro faz você vivenciar processos e etapas que provocarão mudanças internas.
Mas não se preocupe, elas são intensas, incríveis e positivas em sua vida ao escrever um livro.
Então esteja aberto(a) a elas. Veja algumas dessas mudanças logo abaixo:
1) Determinação — Sem esforço, não se atravessa nem a rua
Muita gente procura que alguém afirme seu talento.
Eu até já ouvi falar nele (ou de sua irmã, a inspiração), mas ao escrever um livro você perceberá que o que te levará ao fim é a determinação.
Se você fosse construir uma muralha, acha que precisaria de talento?
Não, apenas de conhecimentos de arquitetura e determinação para construir do fundamento ao último tijolo.
Um livro é muito parecido. Você estrutura, planeja e depois escreve. Tijolo a tijolo. Ah, digo, palavra a palavra.
2) Empatia — Colocar-se no lugar do outro
Pensar em personagens faz com que você se coloque no lugar de outras pessoas.
Duas perguntas conhecidas e importantes entre quem escreve, ao se criar personagens, são:
- O que seu personagem quer?
- E qual a sua motivação? (Por que ele quer?).
Logo, mesmo que você esteja escrevendo uma autoficção — ou seja, transformando uma parte da sua vida em ficção e nomeando o personagem com outro nome, embora seja você —, em algum momento irá criar outros personagens.
A seguir, você se perguntará o que eles querem e procurará entender as motivações.
E, talvez, você leve isso para a vida.
A compreensão do que motiva uma pessoa te ajudará a compreendê-la. Por consequência, sua empatia por ela aumentará.
3) Superação — Se seus personagens podem fazer coisas incríveis, por que você não?
Em O herói de mil faces e em O poder do mito (este último, livro e documentário), Joseph Campbell cunhou a expressão “a jornada do herói”.
Desde a popularização dessa ideia, muito se tem falado, mas com pouca dedicação a se compreender o conceito do Campbell.
IMPORTANTE: Ele nunca disse para escrevermos histórias em cima dessa estrutura.
A estrutura em si é a constatação de que em diversas culturas encontram-se mitos em que o herói, ou protagonista, sai de seu mundo comum, passa por várias provações e retorna diferente.
Na realidade, esta é uma metáfora para a nossa vida. Sobre a nossa evolução.
Por isso, vemos esta ideia em personagens, pois aprendemos com eles.
Talvez você crie um personagem incrível, embora na vida cotidiana você se ache incapaz. Veja bem, este personagem é o resultado de suas ideias.
Você está materializando ações em palavras. Portanto, guardadas as devidas proporções entre a realidade a ficção, você tem o mesmo poder que seus personagens para mudar sua realidade.
Aprenda com eles!
4) Disciplina — Sem frequência, não se chega ao fim
É preciso escrever todos os dias?
Caso não se consiga todos (sempre é bom ter um dia de folga), procure escrever o máximo que conseguir.
Dizem que se você fizer algo diariamente por 21 dias isso se torna um hábito.
E para escrever um livro é sim fundamental ter o hábito de escrever, pois a disciplina leva à realização.
Se você ainda não tem este hábito, aprenda a criar!
Por isso, reafirmo: impossível ter a mesma vida ao escrever um livro.
5) Criatividade — Para ser mais criativo, é preciso se exercitar
Sim, exercitar como um músculo.
Sempre que alguém me fala que não é criativo, me soa impossível algo do tipo.
Você pode estar com a criatividade atrofiada, mas isso não é exatamente um problema.
É preciso correr atrás da forma. A boa notícia é que é fácil, comece hoje mesmo a criar ideias e histórias. Inicie com um “E se…” e depois crie uma ideia.
- E se um dinossauro aparecesse no centro de São Paulo…
- E se um presidente se apaixonasse pelo líder da oposição…
- E se surgisse um time de alienígenas para jogar futebol em uma copa do mundo…
- E se um analfabeto resolvesse estudar e fazer uma faculdade…
- E se você resolvesse criar dez histórias hoje? (Fica o desafio).
São ideias ingênuas se você for julgar, mas para soltar sua criatividade, você não deve fazer julgamentos. Deve apenas criar.
E, principalmente, alimentar suas referências. Leia, assista, jogue coisas diferentes do que está acostumado.
Tudo isso te ajudará. Você será muito mais criativo na vida ao escrever um livro.
6) Humildade — Reconhecer suas limitações e pedir ajuda
Você não precisa fazer tudo sozinho.
Pode pensar em sua ideia, desenvolver, escrever, revisar etc. Mas chega uma hora que você estará tão dentro da história que não conseguirá mais notar o que se pode fazer.
Nesta hora, você pode pedir ajuda aos leitores-beta.
Leitores-beta são pessoas em que você confia e pede uma opinião sobre seus textos.
Às vezes, ajuda. Digo às vezes porque em outras vezes eles apenas dizem que “gostaram” ou não leem.
Você também pode pedir ajuda de alguém mais experiente e fazer uma mentoria. Esta pessoa vai ler sua ficção e realizar sugestões. E, dessa forma, você vai melhorar seu texto.
O importante aqui é você adquirir essa humildade de pedir ajuda, pois sua obra não é a mais genial de todos os tempos, mas você deve ter o compromisso de escrever a melhor obra que conseguir.
E, com ajuda, isso fica mais fácil.
7) Equilíbrio emocional — Lidar com as críticas
Se você se incomoda com críticas, escrever um livro pode te ajudar bastante.
Você vai receber várias delas. E terá de aprender a separar.
Uma coisa são críticas ao seu trabalho, outra à sua pessoa. Além disso, há as críticas construtivas e as invejosas. Normal.
Só não vá achar que todas as críticas que apontarem suas falhas são invejosas. Isso só demonstra que você tem um ego frágil.
Pelo contrário, procure ajustar sua forma de pensar para que cada crítica seja uma oportunidade de aprendizado.
O que aprendi em minha vida ao escrever um livro
Escrever um livro é um evento realmente modificador.
Não acho que seja tão importante como ter um filho. Até por que não tem como comparar — nem com plantar uma árvore.
No entanto, o ato de imaginar, materializar e modificar o mundo a partir de palavras, isso é magia.
Com certeza, você não será mais o mesmo ao fazer isso.
Portanto, escreva. Simplesmente, escreva e lide com o futuro que há de vir disso.
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>>> 5 Conteúdos para escrever um livro
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A experiência de escrever um livro é realmente enriquecedora
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