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Escrever bem - Como o autor de Clube da Luta faz isso e conquista leitores no mundo inteiro

Vilto Reis
Escrito por Vilto Reis
Escrever bem - Como o autor de Clube da Luta faz isso e conquista leitores no mundo inteiro
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Escrever bem é um objetivo de muitos, mas poucos conseguem.

Até por que não é uma coisa fácil. Leva tempo, trabalho duro, persistência (ou teimosia) e, mesmo assim, há quem não consiga.

Por que algumas pessoas não conseguem?

Parte delas, seguem dicas e conselhos do primeiro guru de escrita que aparece. No entanto, acabam não chegando a lugar nenhum. Outra parte, simplesmente não se dedica o suficiente.

Se você não aguenta mais sonhar em escrever bem e não conseguir, este artigo irá mostrar exatamente o que você precisa saber. Tudo isso com um dos maiores especialistas do mundo em escrita, Chuck Pahlaniuk, autor de Clube da luta (ver livro).

Continue lendo este artigo para aprender:

  • Como escrever bem um livro
  • Como aprender a escrever bem – 3 dicas rápidas
  • Quem é Chuck Palahniuk?
  • Qual o segredo de Chuck Palahniuk para escrever bem?

Como escrever bem um livro

Foto de David Iskander.

A boa escrita começa com o hábito de escrever. Se você não se dedica a escrever bem, com constância e sempre revisando, não conseguirá redigir bons textos.

Não adianta ficar esperando. Você deve procurar inspiração todos os dias.

Além disso, ter desafios de escrita fará com que você se motive a escrever. Por exemplo:

  • Escrever um conto por semana durante três meses;
  • Terminar um romance em um ano;
  • Redigir um poema por dia neste mês.

Para escrever bem, os objetivos ajudam. Desde que você se comprometa em cumprir as metas e escrever até o fim.

Afinal de contas, quem não sabe onde quer chegar, toma qualquer caminho.

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E, geralmente, não chega a lugar nenhum.


Como aprender a escrever bem – 3 dicas rápidas

Foto de Da Kraplak.

Antes de passar ao conselho-chave de Chuck Palahniuk, que é focado em ficção, vamos focar em dicas rápidas para escrever bem qualquer tipo de coisa.

As dicas são:

1) Escreva com início, meio e fim

Pode parecer óbvio, mas muita gente não leva essa dica em consideração.

Se estiver escrevendo ficção, não importa se você colocar o fim no começo. Porém se for qualquer outro tipo de escrita, seja coerente.

Comece a apresentar uma ideia, desperte interesse, responda as questões levantadas e conclua.

É uma fórmula simples que funciona.

2) Cuidado com os clichês

É mais difícil do que você pensa. Pois os clichês são frases que usamos diariamente.

Portanto, é difícil se livrar deles.

“Coração partido”, “dor profunda”, “sofrer de amor”, entre outros, não precisam ser utilizados.

Inove nas imagens. Faz parte do trabalho do escritor.

3) Use bem os articuladores textuais ou conectivos

Já leu algum texto que as frases pareciam não se ligar? Isso acontece porque faltam (ou são escassos) os conectivos.

Tratam-se de palavras que ligam as frases. De forma que o uso delas torna a leitura mais fluída.

Só para citar alguns:

  • Oposição: mas, porém, todavia, contudo, no entanto…
  • Conclusão: pois, portanto. por conseguinte, assim, logo, enfim…
  • Comparação: como, conforme, também, tanto…

Há muitos outros conectivos, como os de: adição, certeza, concessão, confirmação, explicitação, opinião, dúvida, indiferença, consequência, causa, fim/intenção, hipótese/condição, sequência temporal/espacial, complemento etc.

Estude-os para escrever bem.

***

Essas são boas dicas para fugir de erros, porém o segredo de Chuck Pahlaniuk pode ajudar você que deseja escrever bem ficção.

Antes, vamos conhecê-lo.


Quem é Chuck Palahniuk?

Escrever bem com Chuck Pahlaniuk.

Chuck Palahniuk nasceu em 21 de fevereiro de 1962, em Washington. Formou-se na Columbia High School, em Burbank, onde ganhou o prêmio de “Most Wittiest”.

Apesar de muitos considerarem o prêmio como catalisador da carreira de Chuck como escritor, ele próprio atribui a honra a Olsen.

Olsen era seu professor do quinto ano, que após uma redação disse: “Chuck, você faz isso muito bem. E isso é muito melhor que configurar incêndios, então continue.”

Optou por cursar jornalismo, concluindo o curso na Universidade de Oregon, em 1986. Chegou a trabalhar como jornalista de um jornal local de Portland, mas logo se cansou do trabalho. Surpreendentemente, na sequência, empregou-se como mecânico de motores a diesel, passando seus dias consertando caminhões e escrevendo manuais técnicos.

Aos trinta e poucos anos, Chuck decidiu tentar escrever ficção.  

Um amigo sugeriu que ele assistisse a oficina literária organizada por Tom Spanbauer, guru minimalista por trás da arte da “Dangerous Writing”.

Após a publicação do conto Negative Reinforcement (produzido na oficina citada), na extinta revista literária Modern Short Stories em agosto de 1990, Chuck não parou mais.

Seu primeiro livro, ainda enquanto estudava com Spanbauer, foi um romance de 700 páginas. O próprio Chuck alega que foi uma certa imitação de Stephen King. Ninguém quis publicá-lo.

No seguinte, que viria a se tornar Monstros invisíveis, encontrou mais rejeições por parte das editoras.

Foi então que Chuck adotou um estilo mais sombrio e pessoal, desistindo do mainstream. O livro que veio a seguir, Fight club (no Brasil: Clube da luta), acabou sendo publicado. Além de adaptado por David Fincher para o cinema.

O filme, que acabou sendo um fracasso de bilheteria, mas um sucesso para o público cult, tornou Chuck Palahniuk conhecido mundialmente.

Ele publicou vários outros livros, inclusive alguns deles entraram em listas dos mais vendidos do NY Times, mas Clube da luta continua sendo seu livro mais conhecido e lido. Com diversas reimpressões e traduções para muitos idiomas.

Por esta trajetória, digamos que ele tem autoridade para nos dar conselhos.


Qual o segredo de Chuck Palahniuk para escrever bem?

Chuck Palahniuk in Portland, Oregon. (cemetary is Lone Fir Cemetary) Image © Tim LaBarge

Antes de entrarmos neste tópico, que fique bem claro uma coisa. Há quem viva procurando “o segredo” para ser bem sucedido em qualquer área.

Como o segredo para escrever contos.

Mas sempre que falo aqui no site em “segredo”, na verdade, me refiro a dicas importantes. Talvez até pilares para uma escrita bem edificada.

Por isso, ao citar uma das dicas fundamentais de Chuck Palahniuk para escrever bem, você precisa ter em mente que não é uma regra.

Só um conselho de um dos escritores mais hipnóticos de sua geração.

O conselho é simples. Corte os verbos de pensamento.

Não se assuste. Veja só o que Palahniuk* disse a respeito:

Em seis segundos, você vai me odiar. Mas em seis meses, será um escritor melhor.

De agora em diante — pelo menos pelo próximo meio ano — você não poderá usar “verbos de pensamento”, incluindo: pensar, saber, entender, perceber, acreditar, querer, lembrar, imaginar, desejar e centenas de outros que você ama.

Essa lista também deve incluir: amar e odiar. E pode se estender a ser e ter, mas nós vamos chegar nesse mais tarde.

Pensar é abstrato. Saber e acreditar são intangíveis. Sua história sempre vai ser mais forte se você mostrar apenas as ações físicas e os detalhes dos seus personagens e permitir que seu leitor pense e saiba. E ame e odeie.

Há duas reações comuns ao ler este conselho:

  1. Isso não é tão difícil;
  2. Não faz sentido. Como vou escrever uma história assim?

Mas o que Chuck quer dizer é o velho conselho de Ernest Hemingway. Show, don’t tell. Mostre, não conte.

Na prática, vou mostrar um exemplo criado por Natan Andrade:

Com verbos de pensamento: “Tiago levava chocolates, mas sabia que Vanessa não queria mais ficar com ele e odiava isso.”

Sem verbos de pensamento: “Tiago comprou chocolates. Cada um dos bombons naquela caixinha podia definir se ele e Vanessa ainda ficariam juntos algum dia. O garoto pega o celular. Cinco horas sem resposta dela. Ele então para. Começa a juntar suas mãos e destrói a caixa de bombons, amassando todo o chocolate que, como sangue, escorria pelas suas mãos. Tiago joga a caixa longe, sem olhar para trás.”

Deu para notar que não é tão fácil, certo?

Você pode estar pensando: como vou lembrar de tudo isso enquanto escrevo?

Minha sugestão é simples. Deixe para quando estiver reescrevendo e revisando. Na primeira versão do texto simplesmente se preocupe em escrever, tirar as ideias da mente.

Nas versões seguintes, leve tudo isso em conta.

Se você decidir seguir a regra à risca, mesmo quando seu personagem estiver sozinho, não poderá recorrer aos verbos de pensamentos.

E, acredite, é possível fazer isso somente mergulhando em fantasia e memória.

Verbos como “lembrar” e “esquecer” estão fora de questão.

Nada de frases como “Wanda lembrou-se de como Nelson costumava escovar seu cabelo”.

Em vez disso, diga: “Quando estavam no segundo ano da faculdade, Nelson costumava arrumar o cabelo dela com escovadas suaves e longas”.”

Palahniuk chega a ser extremista, evitando até verbos como “ser” e “estar.”

Por exemplo:

“Os olhos de Ann eram azuis” ou “Ana tinha olhos azuis”

versus

“Ann tossiu e sacudiu uma mão em frente seu rosto, espantando a fumaça de cigarro de seus olhos, olhos azuis, antes de sorrir…”

Em vez de usar os sem graça “ser” e “ter”, tente enterrar esses detalhes dos personagens em suas ações ou gestos. Para simplificar, isso é mostrar sua história, em vez de contar.

E daqui para frente, depois que você aprender a desmembrar seus personagens, você vai odiar os escritores preguiçosos que se contentam com: “Jim sentou-se ao lado de seu telefone, perguntando-se se Amanda não ligaria.”

Conclusão

Dicas assim ajudam.

Mas escrever bem leva tempo, exige esforço e comprometimento ao tornar isso um propósito de vida.

Você pode começar escrevendo contos ou mesmo se arriscar em um romance. O importante é se dedicar todos os dias.

Com o passar do tempo, você escreverá cada vez melhor.

***

* Os trechos citados de Chuck Palahniuk foram extraídos do artigo de Natan Andrade no Medium.

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17 Replies to “Escrever bem – Como o autor de Clube da Luta faz isso e conquista leitores no mundo inteiro”

Peter

Retire esses ícones do Facebook, twitter, Pinterest e WhatsApp do canto esquerdo da tela, PELO AMOR DE DEUS. É impossível ler seus textos com esses ícones encobrindo-os.

vilto

Pedido feito, pedido atendido, Peter.

Por favor, confirme se ficou melhor assim e obrigado pelo feedback.

MOACIR AUGUSTO FREITAS DE FARIA

Ótimas dicas. Obrigado.

vilto

Obrigado, Moacir.
Assine a Newsletter e siga acompanhando que vem muito mais coisa boa por aí!

Matheus Silva

Realmente, os ícones das redes sociais atrapalham para quem está lendo o artigo no celular. Se puder retirá-los, ou até mesmo reorganizá-los em outro ponto seria de grande ajuda.
As dicas neste post foram sensacionais.
Agradeço a atenção.

vilto

Obrigado pelo retorno. Vou ver aqui como tiro 🙂

Elisandra

Obrigada Vilto por trazer essas dicas valiosas.

vilto

Valeu!
Siga acompanhando a newsletter que toda semana sai conteúdo novo.

MARISTELA MARTINS DA SILVA

Excelentes dicas, verdadeiros incentivos. Obrigada!

vilto

Muito obrigado!

William O. Costa

Estou gostando demais do site! Essa foi uma das melhores (se não a melhor) dica de escrita criativa que já li. Agradeço por repassá-las a nós.

vilto

Pô, mano. Fico feliz que tá curtindo.
Cara, dá uma olhada no artigo que publiquei depois desse. É praticamente uma continuação: https://viltoreis.com/narracao-e-descricao/

Rogério

Que artigo maravilhoso! Amei as dicas! Essa ideia de eliminar os verbos de pensamento é sensacional! Olhando, parece tão fácil! E depois a gente se pergunta: “Como não pensei nisso antes”. Amo o site, cada artigo, cada dica! Está me ajudando muito à crescer como escritor!

vilto

Obrigado, meu amigo. Realmente é daquelas dicas “óbvias” que a gente não percebe. Valeu por acompanhar o site!

Rogério

Acompanho sempre, amigo! É um prazer imenso! Obrigado você por sempre tirar nossas dúvidas da melhor forma. Lhe admiro imenso!!

Luciana

Nossa,incrível o texto. Estou lendo vários. Muito didático, e concreto. Vou assinar o feed do seu site. Parabéns pelo trabalho, muito sucesso. =)

vilto

Agradeço, Luciana. Espero que possa te motivar a seguir escrevendo 🙂