As dicas reunidas aqui são um presente para você que deseja ser escritor. Gostaria de ter lido um artigo assim quando comecei a escrever contos.
Lembre: escrever não é impossível. E por mais que criar grandes contos dê trabalho, não é uma tarefa hercúlea. Você também consegue.
Lembre-se do poeta:
“Escrever é fácil. Você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio você coloca ideias.”
― Pablo Neruda
Continue lendo esse conteúdo, pois vou mostrar para você como pode melhorar 100% seus contos com algumas dicas muito práticas.
E ainda:
- História do conto – Quem conta um conto, aumenta um ponto
- O que é um conto? (saiba o que você está fazendo)
- 10 Dicas essenciais para escrever contos
Por isso, leia este texto até o final.
Quem conta um conto, aumenta um ponto
Sabe, eu já me peguei pensando como o conto surgiu.
Até pesquisei para saber se isso podia me ajudar. E adivinhe! Ajudou sim. Olha só.
O conto nasceu com as narrativas orais. De pai para filho. Passava por gerações. Até que alguém começou a rabiscar e definir signos visuais para signos sonoros. Resumindo: criou-se a escrita.
É por isso que sempre uso uma técnica que aprendi com a escritora Francine Prose. Em seu livro Para ler como um escritor (outros livros de técnica literária aqui), ela conta que sempre imagina um destinatário. Prose escreve seus contos como cartas.
Isso não lembra a forma oral? (é mais ou menos como estou escrevendo agora para você, leitor).
Ainda sobre o conto. Somente no século XIV foi que ele surgiu esta forma semelhante à que conhecemos hoje. Coisa do Decameron, de Giovanni Boccaccio.
Ok, mas espera aí! O que é um conto mesmo?
O que é um conto? (saiba o que você está fazendo)
Sempre me perguntam: quantas palavras tem um conto?
A resposta é: não há resposta. O termo conto vem do latim computus, que significa “conta.” Mas para resumir, conto é uma narrativa breve de ficção.
Outras características:
- Poucos personagens;
- Unidade dramática;
- Precisão de palavras;
Vamos ver o que um mestre tem a dizer?
Edgar Allan Poe citou três características como essenciais do conto. Para ele, é fundamental cuidar com a extensão do conto. A perfeição seria que a narrativa fosse lida em “uma sentada.” Além disso, é preciso uma elaboração do conto para gerar certo efeito no leitor. A intensidade concentrada no acontecimento é essencial para construção deste efeito.
Atenção especial ao desfecho. Deve contribuir neste efeito de surpresa ao leitor.
Leia também: Oficina literária com Edgar Allan Poe por Skype – Como seria?
Agora que você já sabe o que é, veja no próximo tópico dicas para escrever contos.
10 Dicas essenciais para escrever contos
Eu sou apaixonado por dicas de escrita. Só que sou chato. Quero sempre ler algo que realmente seja relevante para a escrita.
Suei muito para preparar estas dicas para você. Espero que goste.
Outros textos aqui da RUSGA que indico são:
- 10 Dicas para escrever contos – De um mestre especialista!
- 44 Livros para ser escritor – Leitura obrigatória (ou quase isso)
- Escrever ficção – 12 Conselhos de Gabriel García Márquez
- Como publiquei meu primeiro livro
Mas agora vamos às dicas essenciais deste texto! Pegue seu bloco, anote e ponha em prática!
Dica 1: Transforme sua ideia em uma situação
Se você nem chegou à ideia ainda, comece a olhar ao seu redor. Toda hora estão acontecendo eventos críticos. Eventos que merecem ser contados pelo olhar da ficção. Por isso, se tem uma ideia, transforme em uma situação. “E se acontecesse tal coisa…”
Dica 2: Você não sabe tudo. Pesquise
Sabe como descrevo a maioria dos meus cenários? Não é por surtos de inspiração. Abro o Google Street View, encontro uma paisagem aproximada do que tenho em mente e escrevo. Da mesma forma, você pode pesquisar qualquer coisa. Por isso, sem desculpas.
Dica 3: Crie enredos com mapas mentais
Nossa cabeça não funciona como uma checklist, tudo organizado. Assim, quando precisamos fugir dos clichês, é interessante trabalhar com mapas mentais. Eis o exemplo de um e como criar:
A ideia é que você comece com a ideia central e passe a desenvolver vários enredos. Dos mais clichês para os mais improváveis.
Dica 4: A inovação pode estar na forma
Alguns grandes contos só se tornaram famosos por causa da sua forma. E aí está um grande desafio, encontrar uma nova forma. Pode ser a quebra da estrutura linear. Ou o uso de frases que não obedecem à gramática. As possibilidades são infinitas. Por isso, pense. Pense muito. Não escreva por escrever.
Dica 5: qual o melhor ponto de vista para a sua história?
De qual ponto de vista vemos os acontecimentos? De um narrador parado em uma janela, como em Janela indiscreta, de Cornell Woolrich (conto que deu origem ao clássico do cinema de Hitchcock)? Quem sabe, na visão de um cachorro? É o caso de Baleia, de Graciliano Ramos. A grande inventividade de seus escritos pode estar no ponto de vista. Use e abuse de coisas diferentes.
Dica 6: Pule as explicações, insira ação desde o começo
Anton Tchékhov dizia que um conto é uma história em que você corta o início e o fim. O que sobra é o conto. Portanto, nada de longas descrições de paisagens ou lições de moral no final da história. O conto começa com ação, com conflito. E o leitor é pego desde a primeira frase (tente ler algo de Gabriel Garcia Márquez para ver se não é assim).
Dica 7: Não ajude seus personagens. Ferre-os!
É simples. O leitor não vai largar da história se o seu personagem só sair de uma enrascada para entrar em outra. A curiosidade é algo mundial. Caramba, o que esse cara vai fazer agora?
Dica 8: Brinque com seu leitor
Não estou falando de metaficção. Sim de criar personagens imprevisíveis. Gosto de Dom Quixote porque não sei o que ele vai aprontar. Da mesma forma, Rorschach, da série Watchmen, de Alan Moore. Ou até dos personagens de séries como House of Cards, Game of Thrones ou Black Mirror.
Dica 9: Não escreva palavras. Escreva percepções
Você escreve para os sentidos do leitor. Lembre-se, temos 5. Todos eles podem evocar alguma reação do leitor. Basta pensarmos no azedo do limão. E talvez sua língua já esteja salivando agora. Pois é. Escreva percepções.
Dica 10: Revise. Leia. Revise de novo.
Todo mundo diz isso? E daí. Este é o mantra do escritor. Não vou falar nada. Gabo que fale:
“Sempre acreditei que toda versão de um conto é melhor que a anterior. Como saber então qual deve ser a última? É um segredo do ofício que não obedece às leis da inteligência mas à magia dos instintos, como a cozinheira que sabe quando a sopa está no ponto.”
– Gabriel Garcia Marquez no prefácio de Doze contos peregrinos
Para finalizar, sobre escrever contos
Contos são uma escola para qualquer escritor. Além disso, proporcionam muita emoção a todo o leitor. Por este motivo, não é nada fácil escrevê-los.
Mas com certeza você vai dominar o gênero ao seguir boas dicas e se dedicar.
Aliás, qual foi sua dica preferida? Tem alguma dúvida? Comente no post.

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E o que você acha?
Conte nos comentários o que achou deste conteúdo :)
Adorei as dicas, adaptei as minhas interpretações, rs!
E vou usá-las.
Parabéns!
Sempre válido adaptar, haha. Fico feliz que tenha sido útil 🙂
Adorei as dicas, muito úteis! A minha preferência vai para o mapa mental, técnica optima de relembrar.
É bem útil mesmo, Patrícia. Obrigado por comentar.
Gostei Vilto das.dicas,
EStou fazendo uma auto publicação de um livro poemas diversos ,que adorei escrever,
Tenho a idéia delineada de um conto logo irei escrever no.inicio do.ano,depois da publicação do meu livro,
Te admiro.amigo grato!
Valeu, Tony.
Espero que siga acompanhando. Abração!
Dicas perfeitas… Muito bom… Gostei muito…
Valeu, Junyor.
Estou trabalhando para sempre melhorar!
Gostei da dica 9, é o que faltava para completar uma boa escrita, terei um concurso de melhor conto e suas dicas foram essenciais para meu desempenho, muito obrigada ^^!
Muito obrigado, Samara. Boa sorte com o concurso!
Pretendo escrever um livro de contos e vou usar essas ótimas dicas!
Muito obrigado!
Valeu, meu amigo. Boa escrita!
Olá, apreciei muito as dicas.
Estou iniciando um trabalho que reúnem individualmente histórias reais de um grupo de mulheres a qual sou líder, pensei então em uni-las em um mesmo livro de contos. Minha dúvida é: por se tratar de contos baseados em fatos reais, até que ponto fico comprometida à essência dos relatos dados por suas protagonistas, uma vez que não as estarei identificando,farei uso de pseudônimos? A ideia é de elevar pontos que emocionem e impactem o leitor. E por ser a primeira vez, fico insegura na questão legal de todo o processo na construção deste livro. Espero que tenha me feito entender e que possa contribuir com seu parecer sobre o que expus.
Muito obrigada, aguardo.
Oi, Malu. Muito bacana a sua ideia.
Você pode colocar uma nota no início do livro: “Todas as histórias deste livro são reais. Por isso, as personagem tiveram seus nomes trocados para preservar a identidade das pessoas.”
Assim, já resolve.
Depois da leitura do material de apoio exposto aqui. Estou pensando em reeler e reescrever o meu primeiro conto… Obrigado pelas dicas!
Fico feliz que tenha sido útil, Mateus.
Muito importante a questão das percepções e quanto a ferrar os personagens.
Ótimo !
Hahaha. Sempre bom ferrar os personagens, não?
Adorei à 7 dica, que diz: Brinque com seu leitor.
Bom trabalho!
Que bom que gostou 🙂
Sensacional! Muito bom, mesmo. Escrevo crônicas. estou me desafiando a escrever um conto. Obrigada pelas excelentes dicas.
Olá, Martha.
Muito obrigado pelo seu comentário.
Se quiser ir mais a fundo na escrita de contos, deixo o convite para conhecer este curso.
Grande abraço!
Orentações básicas claras, excelentes, para quem já escreve ou pretende escrever.
Já escrevo contos, poemas, crônicas, gostaria de aprofundar com mais segurança.
O curso, com certeza, me ajudaria muito.
Agradeço a atenção.
Agora que vi seu segundo comentário, Silvio. Vou entrar em contato por e-mail.
O link do curso é este, caso por algum motivo o e-mail não chegue: https://www.hotmart.com/product/curso-como-escrever-contos-2-0/E7063553T
Muito obrigado, Silvio!
Sobre os personagens de um conto. Não necessariamente um outro personagem dever ser tão surpreender e enfático ?
Olá, Bismarck. Não entendi sua dúvida. Poderia explicar melhor? Se quiser conversar comigo por e-mail, meu contato é: viltoreis@gmail.com
Bicho, adorei as dicas
Valeu, Cissa!
Achei estimulante. Não sou escritor mas dizem que sou criativo no que escrevo, em geral , contos e alguns roteiros.
Olá, Hélio. Que tal fazer um curso e investir em aprender um pouco mais?
Deixo o convite para conhecer meus cursos. É só acessar o link a seguir: https://viltoreis.com/cursos/
A dica 7 me chamou bastante a atenção: Não ajude seus personagens. Ferre-os!
É isso aí, Sonia!
Gostei da suas dicas, principalmente a dica número sete, apesar de todas serem muito importante para quem busca orientação.
Valeu.
Sucesso no trabalho.
Obrigado, Mário. Deixo o convite para conhecer meu curso de contos também: https://www.hotmart.com/product/curso-como-escrever-contos-2-0
uau achei o maximo vou começar a escrever meus contos e torna los publicos sobre todo contos africanos
Bacana, Eduardo. Boa escrita!
Muito boa as dicas, enquanto lia me veio na ideia. Vou ser Jupi o cachorro do meu pai, e creiam vos ainda hão de ver esse conto publicado, ou melhor vocês vão ter ele em sua biblioteca ou sala de leitura.
Abraço a todos e boa escrita pra mim.
Fuuiiiii.
Boa escrita, João!
Uma dica essencial também é ler muito! Eu particularmente leio muito Lygia Fagundes Telles, acho ela a melhor contista do Brasil.
Recomendo muito a leitura de seus contos por conta do domínio que ela tem sobre as palavras, me fascina demais! Só quem já leu sabe, e é tão difícil convencer alguém a lê-la…
Diferente do que pensam, ela escreve sobre tudo! E não é sobre amor… Até tem, mais ela adora apostar no desconhecido, no mistério estranho…
No conto “As Formigas”, por exemplo, toda noite surgem milhares delas no quarto de duas estudantes que acabaram de alugar vaga numa pensão velha de São Paulo. Elas entram todas dentro de uma caixa, que guarda o esqueleto de um anão, e ao amanhecer não resta nem vestígios de que estiveram lá. O resto você descobre se ler… kkkkkkk
Ótimas dicas, aliás! Obrigado!
Obrigado pelo seu comentário, Eduardo. Agregou ainda mais a esta discussão 🙂
Amo,amo,amo contos!Escrever contos ajuda a polir minha habilidade de escrever letras pras minhas canções.
Muito obrigado,Seu Vilto.
Que bacana, Valter. Siga assim que você vai longe!
Na verdade gostei das dicdicas, um dia publicarei os meus contos e todo mundo dirá alguma coisa.
Bacana, José.
Excelente conteúdo! Penso que as ideias e a forma como são expressas oferecem sustentação a quem pretende adentrar o mundo da ficção.
Vilto Reis, eu achei demais esse conteúdo 😉 Curto, rico e direto. Eu estou numa fase meio Carolina Maria de Jesus: quero sair dos diários. Eu escrevo diários (que jamais desejarei publicar) desde os 9 anos. Mas com essa onda de escrita criativa pipocando na nossa cara o tempo inteiro nas mídias, fiquei curiosa para saber se eu conseguiria escrever algo que saísse da alcova. Pensei em contos porque os amo mas a verdade é que nunca os li como uma escritora (pq de fato não sou), o que é uma pena porque agora que o tento fazer acho tão mais rico. Algo como se o insciente dissesse ‘abram-se as cortinas e as portas dos camarins’ . Ler o que não está escrito é outra viagem. Obrigada pelo seu post. Vou procurar o livro que você citou.
P.s coloque sua assinatura no final do post também. Minha memória para nomes é terror e pânico 🙂
Boa sorte na sua transição.
Vou tentar seguir sua dica 🙂