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O que fazer para o leitor gostar do meu personagem?

Vilto Reis
Escrito por Vilto Reis
O que fazer para o leitor gostar do meu personagem?
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Esta é uma pergunta que recebo bastante: o que fazer para o leitor gostar do meu personagem?

Se você escreveu qualquer tipo de história, pode ter se deparado com esta indagação.

Afinal, às vezes, somos assaltados pela síndrome do impostor.

Duvidamos das histórias que escrevemos, perguntando-nos se os leitores terão prazer em ler aquela narrativa, não é mesmo?

Mas existem alguns elementos de personagens que provocam determinadas reações nos leitores. Cientes desta percepção, os escritores podem trabalhar com mais habilidade suas ficções.

Continue lendo este artigo para entender estes conceitos.

Duas possibilidades para o leitor gostar do personagem

Lincoln Street Art Park, Detroit, Estados Unidos – Foto por Cris DiNoto

Da forma como entendo a ficção, só existem duas maneiras de um leitor se conectar a um personagem: projeção ou identificação.

Vejamos o que é cada uma delas:

Projeção

Para o leitor gostar do personagem, é preciso ter em mente que muitas pessoas leem para se projetarem nas histórias.

As narrativas contribuem para uma fantasia momentânea em que você pensa: “como eu gostaria de fazer o que personagem X faz?”

Olhamos para o Superman, Conan ou a Mulher-Maravilha e nos projetamos neles. De certo modo, este processo se assemelha à relação que antigamente as pessoas tinham com os heróis dos mitos.

Basta pesquisar um pouco sobre a figura de Ragnar Lothbrok para descobrir que dificilmente ele seria como o protagonista da série Vikings foi apresentado. Talvez ele sequer tenha existido ou é um amontoado de figuras históricas reunidos em um mesmo mito, de forma que veio a inspirar as pessoas.

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Isto é projeção, como as pessoas se inspiram neste herói.

Nós sabemos que não podemos ser como estes personagens, mas nos projetamos neles, gostaríamos de ser.

Identificação

Contudo, nem todos os personagens são espetaculares, donos de façanhas incríveis. Alguns são pessoas simples, gente como a gente e, mesmo assim, conquistam leitores.

Por quê?

Basicamente, porque quem lê, identifica-se com as histórias.

Mas como se identifica?

Pois mesmo que aquele personagem viva conflitos e dramas diferentes de seus, o enredo conduz o leitor a uma pergunta fundamental:

Como eu agiria em uma situação como esta?

Se eu estivesse no lugar de Josef K, de O processo, escrito por Kafka, como encararia ser acusado de um crime que não cometi?

Se eu fosse Arthur Fleck, do filme Coringa (2019), dirigido por Todd Philips, não seria tão perturbardo quanto ele?

E se no lugar de Mrs. Dalloway, romance homônimo à personagem, escrito por Virginia Woolf, não agiria tal como ela?

Logo, identificamo-nos com estes personagens, pois os autores os constroem com características que nos ligam a eles.

Vejamos como isso acontece.

O que é e quais as características de personagens complexos?

Foto por Dimitar Belchev

Um personagem literário nada mais é do que uma construção de palavras.

No entanto, não é tão simples, certo?

Esta construção deve ter em conta algumas coisas como as três dimensões do personagem e a relação dele com os demais, temas já aprofundados aqui no site.

Podemos acrescentar ainda os seguintes itens que precisam estar bem definidos:

  • O que seu personagem quer?
  • Por que ele tem este desejo?
  • Quais são seus traços mais marcantes?
  • Dentre estes traços, quais são contraditórios? (é importante que alguns sejam).

Vamos nos aprofundar em cada uma dessas perguntas.

O que seu personagem quer?

Você deve ter lido alguma história que parece não ir a lugar nenhum. Normalmente, o que acontece é que não está evidente o objetivo daquele personagem.

Quando isso acontece, vemos ele tomar determinada atitude e não nos importamos, pois não sabemos o que deseja.

Estabelecer o quanto antes na história o que o personagem quer ajuda a gerar identificação.

Por que ele tem este desejo?

Dom Quixote um personagem inesquecível, representado em uma arte de rua.
Barcelona, Espanha. Foto por Emilio Cerezo.

Não basta saber que o personagem quer atravessar a rua, o leitor precisa saber o porquê. É para comprar picolé? Ou para rever o amor da vida que não vê há vinte anos?

Por que Dom Quixote sai para se aventurar? Ele passou a vida lendo romances de cavalaria, projetava-se naqueles personagem e decidiu viver suas próprias aventuras. Este é o porquê dele, numa análise rasa.

Sempre justifique no decorrer da história por que o personagem tem determinado objetivo.

Quais são seus traços mais marcantes?

Defina para o seu personagem características principais. Não precisam ser muitas.

Para protagonistas, talvez três ou quatro. Já aos personagens secundários, uma característica, basta.

Por exemplo:

Ambicioso | Cínico | Parceiro

Pense na infinidade de cenas e situações que podemos criar com um personagem que possua estas características. 

Ao usar esta forma de criação de personagem, também podemos evitar os clichês de histórias de gênero. Coisas como o cientista desorganizado, o detetive cínico ou a princesa romântica.

Deste modo, fica muito simples criar personagens únicos e originais.

Dentre estes traços, quais são contraditórios? (é importante que alguns sejam).

Aqui entra o pulo do gato. 

Não basta o personagem ter traços marcantes, mas sim que um deles entre em oposição com os demais. Não há nada mais humano do que uma pessoa contraditória.

No exemplo que citei no subtópico anterior, o protagonista seria ambicioso e cínico, mas parceiro. 

Ser parceiro, alguém que valoriza as relações pode entrar em conflito com a ambição e o cinismo. 

Este tipo de complicação faz com que os leitores permaneçam na história. Afinal de contas, somos atraídos pelas oposições, embates e conflitos.

É a partir daí que as pessoas acabam definindo um personagem como complexo ou raso.

Considerações finais sobre personagem

Há inúmeros autores que se dedicaram ao tema da criação de personagens (inclusive, alguns deles, você encontra nesta lista).

Trata-se de um tema inesgotável e complexo, porém que muito interessa a nós escritores.

Mesmo assim, uma simples dica como as deste artigo podem nos ajudar muito como escritores, gerando ideias que até então não nos tinham ocorrido.

Então, me conte nos comentários. O que achou do texto? Concorda ou discorda? Vamos seguir com esta discussão!

***

Ah, e se este é um tema que interessa a você, conheça também o curso CRIAÇÃO DE PERSONAGENS DE FICÇÃO.

Neste curso, você verá:

  • Como introduzir um personagem na história?
  • De que forma criar uma personalidade única?
  • E será que ele vai ficar verossímil?
  • Os leitores vão gostar dos meus personagens?
  • Eles ficarão na memória de quem leu o livro?
  • Entre outros assuntos.

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4 Replies to “O que fazer para o leitor gostar do meu personagem?”

Márcia Menrzes

Oi gostei MT desse artigo, pretendo estudar e ler os próximos. Obrigada

Vilto Reis

Fico feliz, Márcia. Se desejar, entre em meu grupo de Telegram para receber todas as atualizações de conteúdos e exercícios de Escrita Criativa: http://t.me/viltoreis

Kléber Doug

As dimensões da personalide de um personagem fazem realmente toda diferença para prender a atenção na hora da leitura. Como leitor, sempre irei me interessar em saber (por exemplo), o que um persongem que é 75% bom e 25% mau, deseja ou irá fazer. Ou mesmo a porcentagem contrária. Se for 100% bom, acaba caindo na chatisse. Se for 100% mau, acaba sendo previsível demais em suas atitudes, frustrando um pouco as expectativas.

Vilto Reis

Sem dúvidas, meu amigo. Personagens 100% bons ou maus normalmente são bem rasos. Obrigado por comentar!