“Punk” é uma daquelas palavras usadas de muitas maneiras para descrever tantas coisas que perdeu todo o significado.
Para complicar ainda mais, usamos a palavra para descrever vários subgêneros da ficção científica. E, acredite, as coisas podem ter saído completamente do controle nos últimos anos.
Mas isso é de se esperar. Cada novo subgênero de ficção científica começou com um pouco de controvérsia. Porém a negação muda para aceitação, até que a palavra se torne apenas parte do cenário da ficção científica.
Mas vamos entender um pouco mais.
Quais são as principais características dos gêneros punk?
A premissa básica do sci-fi punk é o foco na tecnologia, embora o que venha antes do “punk” defina de qual tipo específico de tecnologia estamos falando. Também há um elemento de rebelião, e os personagens principais costumam ser membros marginalizados da sociedade (sugerindo o significado original da palavra punk).
Outra questão importante é que costumamos usar o termo “retrofuturismo” para descrever o punk de ficção científica, porque muitos desses subgêneros são baseados principalmente na tecnologia e nos tropos de uma época passada, mas com um toque futurista.
E quais são outros gêneros punk além dos mais conhecidos, cyberpunk e Steampunk?
Abaixo está uma lista dos vários subgêneros da ficção científica que adquiriram o sufixo punk. Alguns existem há décadas, com muitos exemplos, enquanto outros são apenas truques e piadas internas que continuam aparecendo.
1) Steampunk

Onde o cyberpunk é futurista e sombrio, o steampunk é retrô, nostálgico e sustentado por uma visão mais otimista do potencial humano.
Ele combina aparelhos avançados com acessórios antigos e imagina computadores e máquinas voadoras que empregam motores a vapor e quilômetros de tubulação de cobre.
O trabalho steampunk mais conhecido foi o A máquina diferencial, de Bruce Sterling e William Gibson; mas Morlock Night, de KW Jeter, é considerado o primeiro romance steampunk, porque foi ele quem inventou o termo.
2) Cyberpunk
Avô dos gêneros punk especulativos, o cyberpunk surgiu quando Bruce Bethke cunhou o termo em uma pequena história de 1983 com o mesmo nome. Depois explodiu quando William Gibson escreveu Neuromancer.
O Cyberpunk se concentra na tecnologia de computadores e hackers e tende a ocorrer em ambientes distópicos e distantes no futuro.
Outra obra importante dentro desse gênero e já traduzida para o português é Snow Crash, de Neal Stephenson.
3) Dieselpunk
Em um sentido histórico, pode-se dizer que o dieselpunk fica entre o cyber e o steampunk — a tecnologia é coisa do século XX: motores a gás e arranha-céus.
Pense no filme O capitão Sky e o mundo de amanhã (2004). A narrativa de ficção pulp de meados do século é combinada com tecnologia anacrônica e uma boa dose de história alternativa.
4) Biopunk

Pertence a outro conjunto de subgêneros, mais frequentemente associado a um futuro próximo.
O Biopunk lida com engenharia genética e aprimoramento biológico.
Starfish e suas seqüências, de Peter Watts, são um excelente exemplo desse gênero muitas vezes apocalíptico, onde alguém que mistura divindade com DNA pode às vezes chegar a destruir o mundo ou pelo menos transformá-lo em algo além de qualquer reconhecimento.
5) Clockpunk
Muitas vezes considerado um subgênero do steampunk, o clockpunk também funde tecnologia avançada com design pré-moderno.
Neste caso, no entanto, o componente histórico da tecnologia vem das engrenagens dos relógios. Mainspring, de Jay Lake, é um excelente exemplo recente desse tipo de ficção.
6) Mitopunk
O Mitopunk combina técnicas de contar histórias pós-modernas com folclore de várias tradições.
Catherynne M. Valente, autora de A menina que navegou ao reino encantado no barco que ela mesma fez, e Ekateria Sedia são consideradas autoras de mitopunk.
7) Elfopunk

Uma forma de fantasia urbana que pega fadas e elfos e os transporta para o aqui e agora, como Holly Black em O príncipe cruel.
The Iron Dragon’s Mother, de Michael Swanwick, é frequentemente citada como outro exemplo, assim como Wicked: A história não contada da Bruxa de Oz, de Gregory Maguire.
8) Mannerpunk
Um termo explícito usado para descrever qualquer comédia de costumes com elementos fantásticos, como Swordspoint de Ellen Kushner.
Pode se dizer que são primos literários de livros como as comédias românticas de Jane Austen. Essas histórias estudam as interações sociais entre seus personagens, geralmente dentro de uma convivência rígida e uma estrutura social hierárquica. Porém esses personagens podem ser tão facilmente dragões, demônios ou fadas quanto seres humanos.
9) Splatterpunk
Esse movimento foi uma reação ao horror “manso”, que dependia do suspense e do poder da sugestão para assustar os leitores
Isso inclui filmes de terror e filmes com representações horríveis e detalhadas da violência.
Em 1990, Paul M. Sammon editou duas Splatterpunks: Extreme Horror antologias que incluíam obras de Clive Barker, Edward Bryant e Poppy Z. Brite. Esse termo entrou amplamente na moda nos círculos de terror.
10) Nanopunk
No nanopunk, a nanotecnologia é frequentemente indistinguível da magia, como em The Diamond Age, de Neal Stephenson.
Kathleen Ann Goonan e Linda Nagata também são frequentemente citadas como escritoras de nanopunk.
11) Greenpunk

Às vezes descrito como ficção científica que ocorre em um “tecnologicamente consciente agora”, o greenpunk pode ser o sonho de um ambientalista.
Energia limpa, tecnologia de baixo impacto e pequenas pegadas de carbono são as armadilhas de um mundo em que a humanidade passou pela atual crise das mudanças climáticas com pelo menos algum grau de sucesso.
Paolo Bacigalupi, autor de Faca de água, está se tornando um dos mais conhecidos escritores de greenpunk; ele ganhou os Locus e Theodore Sturgeon Awards, dois prêmios importantes.
***
E aí, o que achou?
Conhece alguma história que se encaixe nesses gêneros e não foi citada?
Então coloque nos comentários e ajude a aumentar as listas de leitura do pessoal.
Traduzido e adaptado dos sites Lit Reactor e Syfy Wire.