Descobrir a voz do personagem é quase uma missão para Vilto Reis. É por isso que no vídeo de hoje, ele apresenta 4 dicas matadoras que vão ajudar você a conhecer muito melhor os seus personagens. E, desta forma, você ampliará o potencial de encantamento do leitor com as suas histórias.
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Neste vídeo, você entenderá como descobrir a voz do personagem seguindo essas dicas:
- Ouça a voz do seu personagem sempre procurando por ela
- Imite seus personagens em voz alta
- A carta pode ser a ferramenta que você precisa
- Cuidado com os diálogos. Não dependa somente deles
- Liberte a “voz psicológica” e crie seu personagem
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Leia abaixo o artigo que deu origem a este vídeo
Crie seu personagem tendo em mente esta frase:
“A voz de uma personagem é o som de sua identidade”
– Stephen Kock em Oficina de Escritores (ver livro)
Se você está começando a escrever agora, talvez tenha achado estranha a ideia da “voz do personagem.” Mas entender este assunto é dar um passo a mais para se tornar um bom escritor.
O objetivo deste artigo é conseguir que você:
- Seja um criador de personagens
- Aprenda como criar personagens inesquecíveis
- Saiba criar um personagem vivo e profundo
- Utilize técnicas para criar personagem principal e secundário
- E, acredite, pode ser mais fácil do que você pensa. Apenas se concentrando em entender este conceito da voz do personagem, suas histórias ficarão mais bem elaboradas.
Então crie seu personagem seguindo esses passos:
1) Ouça a voz do personagem sempre procurando por ela
Muito se fala sobre visualizar o personagem. Mas a grande verdade é que é mais importante ouvi-lo, considerando que é construído por meio de palavras.
Quando estiver no processo de criação, deixe que ele fale. Talvez você esteja preenchendo uma ficha com características, como as famosas fichas de personagem de RPG. Ou quem sabe se permitindo escrever tudo que vier a mente sobre sua criação. Aliás, este é um exercício poderoso se quer conhecer seus personagens.
Separe umas duas folhas em branco e escreva tudo que vier à sua cabeça sobre a pessoa que está criando. Podem ser lembranças, vícios, problemas, dificuldades, contradições, jeitos de falar etc. Tudo em que conseguir pensar.
Lembre-se que um ser humano é um emaranhado de coisas. E um personagem mostra algumas dessas coisas em uma obra de ficção.
E quando você finamente ouvir a voz do personagem, talvez ele conte a história para você. A vencedora do Prêmio Nobel de Literatura, Toni Morrison, confessa: “deixo que as personagens me deem a confirmação. Nessa altura, elas já são suficientemente amigas para me dizer se a maneira como retrato suas vidas é autêntica ou não.”
2) Imite seus personagens em voz alta
Pode parecer loucura, mas quem disse que escrever ficção é coisa de gente normal? E, sem problemas, faz parte.
Provavelmente se você já encontrou a voz do seu personagem, poderá ouvi-lo com o ouvido mental. A voz dele ecoará dentro da sua cabeça. E você o conhecerá tão bem que não precisará imitá-lo.
Mas quem sabe, você ainda não chegou nessa fase.
Então faça como Charles Dickens fez. Sua filha contou que, quando pequena, passou dias doente no escritório do pai. Ali ela pode notar como Dickens trabalhava. O escritor começava falando em voz baixa sozinho, resmungando. O tom ia crescendo. Então se levantava, ia até o espelho e fazia umas caretas. Voltava e escrevia mais um pouco. Até o processo se repetir.
John Steinbeck deu o seguinte conselho:
“Se estiver escrevendo diálogos, diga-os em voz alta ao escrevê-los. Somente assim, eles vão ter o som da fala.”
Leia também: Escrever diálogos – Dicas fundamentais para ser bem sucedido
3) A carta pode ser a ferramenta que você precisa
“Quando você não sabe mais o que fazer… pode tentar contar parte da história – parte da história de uma personagem sob a forma de carta.”
– Anne Lamott
Você pode estar pensando: mas quem ainda escreve cartas?
Em tempos de WhatsApp, pouca gente. Mas a questão aqui é o formato confessional. E se você nunca escreveu uma carta, precisa saber como elas funcionavam.
Basicamente, uma pessoa contava a outra o que aconteceu, passou ou sentiu. Com uma diferença importante das mensagens de hoje. Como existia a percepção de privacidade, embora uma carta seja muito mais violável que uma conta de Facebook, as pessoas faziam seus destinatários de confidentes.
E é desta forma que você deve chegar a seus personagens. Que tal fazer uma série de perguntas sobre as motivações dele/dela? Ou pedir explicações sobre uma atitude ou trauma? As cartas podem ser de você, autor, para ele. Ou de personagens para personagens.
É claro que você também pode chamar de e-mail ou outro tipo de mensagem. O importante é a ideia de confidência. Um contraponto à era da invasão da privacidade em que vivemos.
4) Cuidado com os diálogos. Não dependa somente deles
Se você leu o artigo sobre Escrever diálogos pode estar confuso.
Mas este é um aviso importante.
Diálogos em excesso podem prejudicar uma história. Lembre-se: você não está escrevendo um roteiro para cinema, teatro ou televisão (e se estiver, tudo bem. Use diálogos).
Pense em como funciona a vida. Tente se recordar de uma conversa. Quando duas pessoas dialogam, costumam deixar de fora quase tudo que sabem sobre a outra pessoa. Essas informações costumam estar em camadas mais profundas, que podem ser reveladas através da narração.
Leia também: Narrador, Ponto de Vista e Foco Narrativo: Entenda de uma vez por todas o que são e como usar
Ao revelar a “voz psicológica” do personagem, você também mostra a verdadeira voz dele. E para isso, não depende dos diálogos.
E aqui fica o conselho de Edith Wharton:
“O emprego do diálogo na ficção parece ser uma das poucas coisas sobre o qual se pode estabelecer uma regra razoavelmente definida. O diálogo deve ser reservado para os momentos culminantes, deve ser visto como a arrebentação da grande onda da narrativa rumo ao observador que se encontra na praia.”
5) Liberte a “voz psicológica” e crie seu personagem
James Wood, em Como funciona a ficção, diz que a história do romance é a evolução do Discurso Indireto Livre. Mas o que é isso?
Quem deu o grande salto neste sentido foi Gustave Flaubert com Madame Bovary – leia o estudo a respeito em A Orgia Perpétua. Flaubert e Madame Bovary, de Mario Vargas Llosa.
A forma como seu narrador em terceira pessoa se aproximou dos pensamentos da personagem é inimitável em qualquer tipo de arte. Somente a literatura alcança esse tipo de interação com o personagem.
E mais: os leitores esperam por isso, estar “dentro” da cabeça dos personagens.
O conceito foi levado ao extremo por James Joyce em sua obra, Ulysses. O chamado fluxo de consciência. Mas você não necessariamente precisa chegar a este extremo. O importante é mostrar os pensamentos, sentimentos e opiniões do personagem sem, necessariamente, fazer uso dos diálogos.
É uma forma fantástica de revelar a voz do personagem.
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