Os conselhos de Clarice Lispector para escritores podem nos ajudar a formar uma nova visão sobre a escrita.
Afinal, Clarice não era uma pessoa convencional. Com suas palavras, conseguiu criar um mundo todo próprio que ressoava os aspectos mais profundos de sua personalidade.
Figura importante da literatura brasileira, é reconhecida internacionalmente como uma grande escritora.
Conheça abaixo fatos sobre a vida desta imortal da literatura e quais conselhos de Clarice Lispector para escritores podemos receber.
Quem foi Clarice Lispector?
Apesar de ser considerada um grande nome da literatura brasileira, ela nasceu na Ucrânia em 1920. O que ocorre é que sua família imigrou para o Brasil nos primeiros anos de vida dela. Assim sendo, sempre que perguntavam, respondia que era pernambucana.
Chegou a estudar direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro, mas acabou se tornando jornalista e tradutora, além de escritora.
Após casar-se com um diplomata, viveu em vários países do mundo e teve dois filhos. Anos mais tarde, divorciou-se para dar atenção a um dos filhos, que era esquizofrênico e poder evitar as viagens que tanto o irritavam.
Seus livros mais famosos são: Perto do Coração Selvagem, Laços de Família, A Paixão segundo G.H. e A Hora da Estrela.
Mas que conselhos de Clarice Lispector podemos extrair para os escritores?
5 Conselhos de Clarice Lispector para escritores (comentados)
1) Não é fácil escrever
Em A hora da estrela, Clarice afirma o que todos que tentaram escrever já descobriram.
“Não, não é fácil escrever. É duro como quebrar rochas. Mas voam faíscas e lascas como aços espelhados.”
Escrever não é uma atividade simples. Exige dedicação e uma energia emocional que, caso não se cuide, pode ser exaustiva. A única coisa que pode nos tornar escritores é uma verdadeira vontade de levar isso adiante.
No entanto, é muito bom quando vemos este grandes artistas partilhando dessas dificuldades que nós mesmos enfrentamos, não é mesmo?
2) O valor da língua portuguesa
Veja só como Clarice Lispector valorizou o português como poucos:
“Se eu fosse muda, e também não pudesse escrever, e me perguntasse a que língua eu queria pertencer, eu diria: inglês, que é preciso e belo. Mas como não nasci muda e pude escrever, tornou-se absolutamente claro para mim que eu queria mesmo era escrever em português. Eu até queria não ter aprendido outras línguas: só para que a minha abordagem do português fosse virgem e límpida.”
O domínio de um idioma tão rico como o nosso é um grande aliado do escritor. Temos uma língua jovem (se comparada a muitas outras) em que se há muito a dizer e reinventar. Portanto, estude e faça uso desta riqueza que você recebeu.
Valorize-a como Clarice valorizou.
3) Escrever é uma necessidade
“Minhas intuições se tornam mais claras ao esforço de transpô-las em palavras. É neste sentido, pois, que escrever me é uma necessidade. De um lado, porque escrever é um modo de não mentir o sentimento (a transfiguração involuntária da imaginação é apenas um modo de chegar); de outro lado, escrevo pela incapacidade de entender, sem ser através do processo de escrever.”
É um pouco difícil de explicar o que nos leva a escrever. Fato é que quem encontra esta forma de expressão, jamais se sentirá completo se não fazê-lo.
Seja ao encontrar a palavra certa que expressa determinada emoção, ou ao compreender um sentimento específico, escrever é a soma de todas as partes que encontramos em nós. Mesmo que expressas em fragmentos.
4) Desabafe na escrita
Clarice, talvez mais do que qualquer outra escritora ou escritor, transformou em arte literária seus clamores interiores.
Veja este trecho:
“Em algum ponto deve estar havendo um erro: é que ao escrever, por mais que me expresse, tenho a sensação de nunca na verdade ter-me expressado. A tal ponto isso me desola que me parece, agora, ter passado a me concentrar mais em querer me expressar do que na expressão ela mesma. Sei que é uma mania muito passageira. Mas, de qualquer forma, tentarei o seguinte: uma espécie de silêncio. Mesmo continuando a escrever, usarei o silêncio. E, se houver o que se chama de expressão, que se exale do que sou. Não vai mais ser: ‘Eu me exprimo, logo sou.’ Será: ‘Eu sou; logo sou.’”
A escrita também pode ser uma ferramenta terapêutica, um modo de expressar vozes reprimidas em nós.
Se duvida, procure escrever quando estiver triste, alegre ou frustrado. Cada momento, guiará suas palavras e, após você ter escrito, se sentirá mais estável, menos tomado por emoções extremas.
Fica o desafio.
5) Estar aberto a descobrir o que se quer escrever
Às vezes, no nosso percurso como leitores somos levados a querer escrever determinado tipo de história.
Contudo, o tempo e a prática podem nos levar a escrever coisas diferentes.
Repare no que Clarice Lispector disse a respeito:
“Quando comecei a escrever, que desejava eu atingir? Queria escrever alguma coisa que fosse tranqüila e sem modas, alguma coisa como a lembrança de um alto monumento que parece mais alto porque é lembrança. Mas queria, de passagem, ter realmente tocado no monumento. Sinceramente não sei o que simbolizava para mim a palavra monumento. E terminei escrevendo coisas inteiramente diferentes.”
Por isso, ao percorrer seu caminho como escritor, procure sempre estar aberto a novas descobertas. Experimente sempre. Estamos falando de escrita, não de drogas. Apesar de que a primeira pode até ser mais viciante do que a segunda.
Conclusão
Ao decidirmos escrever, é fundamental que busquemos visões além das nossas. Neste sentido, encontramos amparo ao estudarmos outros artistas, como podemos ver nesses conselhos de Clarice Lispector para escritores.
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Me conte!
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Uma boa reflexão!
Obrigado, Yedda. Que bom que gostou!
Ainda vou ler
Bacana, Sonia. Sempre vale à pena conhecer!