Acredite, a Teoria da Iluminação do Personagem, de Henry James, pode salvar sua história.
É um conceito simples e fácil de entender, mas que, quando aplicado, transforma um simples conto, romance ou crônica de um escritor iniciante em uma grande obra.
E se você já se perguntou: por que meus personagens parecem tão rasos? Como faço para dar mais profundidade a eles? Tem como meus protagonistas serem mais interessantes? Então este artigo é para você.
Continue lendo este texto para aprender:
- Quem foi Henry James e qual sua relação com a Escrita Criativa
- A Teoria da Iluminação do Personagem
- Como aplicar a Teoria da Iluminação do Personagem
- 3 Erros a serem evitados na Criação de Personagens
- Mini-curso por e-mail sobre Criação de Personagens
Quem foi Henry James e qual sua relação com a Escrita Criativa

Henry James é uma referência para a ideia da Escrita Criativa.
Americano naturalizado britânico (1843 – 1916), James foi um dos nomes mais importantes do realismo na literatura do século XIX. Produziu romances, contos e críticas literárias. E suas obras mais conhecidas são Retrato de uma senhora, Pelos olhos de Maisie e A outra volta do parafuso.
Mas o que nos interessa em Henry James, do ponto de vista do aprendizado para escritores, é sua relação com a Escrita Criativa.
Embora não haja registros de tenha sentado em rodas de escritores analisando e discutindo com eles a criação literária, há um detalhe muito importante sobre ele.
Entre 1907 e 1909, James produziu prefácios críticos ensaísticos para a publicação completa de suas obras nos Estados Unidos. E nestes prefácios, falou muito sobre criação literária. De uma forma que nenhum escritor havia feito. Muito antes da popularização dos manuais para escritores.
E foi em um desses ensaios que surgiu a teoria que cito neste artigo.
A Teoria da Iluminação do Personagem

Imagine que seu protagonista esteja no meio de um círculo. Os demais personagens estão nas extremidades do mesmo círculo. E cada vez que ele interage com um dos personagens secundários, informações, revelações ou aspectos do protagonista vêm à tona.
Henry James ainda usava outra metáfora para ilustrar esta ideia.
No caso de um quarto escuro, com luminárias nos quatro cantos, podendo se acendê-las individualmente, poderíamos iluminar o quarto conforme nossa necessidade.
Ou seja, as situações da história iluminam o personagem principal por meio de outros personagens.
James chamava isso de Teoria da Iluminação do Personagem.
Trata-se de uma ferramenta fabulosa para dar mais dimensão ao seu protagonista.
Mas é fundamental saber usá-la a seu favor.
Como aplicar a Teoria da Iluminação do Personagem

“O que é um personagem se não a determinação de um incidente? E o que é um incidente se não a iluminação do personagem?”
Esta frase famosa de Henry James resume a aplicação da teoria.
Considere que ao criar e planejar a estrutura da sua história, você gere incidentes que ou revelem algo sobre o personagem (o ilumine) ou façam com que a história avance. Pronto! Temos a aplicação de teoria.
Apenas para citar outros exemplos. Há ainda diversas maneiras de utilizar a Teoria da Iluminação do Personagem para revelar informações.
Você pode fazer com que o personagem principal mostre algo sobre si mesmo. Mas não abuse dessa ferramenta. Outra opção é revelar mais do protagonista quando outro personagem diz algo a respeito dele.
Ao se ter em mente que as situações de uma história devem mostrar quem é seu protagonista, a própria construção do enredo toma outro sentido. E fica muito mais fácil para o autor desenvolver a história.
No entanto, há alguns cuidados na relação do personagem com o enredo que devem ser tomados.
3 Erros a serem evitados na Criação de Personagens

1) Protagonistas têm que ser ativos, não reativos
Sabe quando você lê uma história em que os personagens secundários parecem mais interessantes que o protagonista?
Nessas histórias, há uma sensação constante de que o protagonista some do primeiro plano. Os demais personagens roubam a cena. Ou ainda a linha narrativa acaba parecendo muito forçada e previsível
Uma das possibilidades é que não haja conflito suficiente na história. Mas o mais provável é que o protagonista esteja passivo demais.
Grave isso: protagonista tem que protagonizar.
Talvez até o meio da história ele esteja aprendendo e se desenvolvendo, portanto só reagindo. Mas chega um ponto em que ele precisa agir e não somente reagir.
2) Adicionar um personagem para a história avançar pode ser a pior solução
Muitas das histórias de escritores iniciantes que leio apresentam o mesmo problema. O escritor não sabe como avançar, então vai acrescentando novos personagens.
Como diz Syd Field em seu livro Roteiro – Problemas e soluções:
“Em vez de tentar desenvolver o contexto dramático de uma dada cena, da história ou do personagem, ou em vez de tentar expandir a ação, tudo que eles fazem é inserir um novo personagem.”
O problema resultante é uma história sem foco. Sem profundidade. Com personagens rasos e que não têm verossimilhança.
Um exercício para conseguir profundidade de personagem proposto pelo próprio Syd Field é a “associação livre do passado do personagem.”
Basicamente, você deve pegar duas folhas brancas. E, ali, escrever todas as histórias pregressas, formas de falar, problemas enfrentados, complexos, vícios, vale à pena até entrevistar seu personagem, como sugeri em outro artigo sobre o assunto.
E assim acabará conhecendo melhor seu personagem.
3) Saiba qual é o conflito do seu personagem e da sua história
Como já tratado no infográfico 6 Ideias de conflitos para escrever histórias com personagens inesquecíveis, ter em mente a relação do conflito de uma história e do seu personagem é fundamental.
Há pelo menos 6 possibilidades de conflitos que você pode trabalhar:
Personagem X Personagem: Conflitos de personagens, ente heróis e vilões ou amantes. Ex.: Romeu e Julieta, de Shakespeare.
Personagem X Sociedade: O personagem é vítima da sociedade. Ex.: Winston Smith em1984, de George Orwell.
Personagem X Natureza: Quando uma catástrofe natural ou elemento da natureza muda a vida do personagem. Ex.: Moby Dick, de Herman Meville.
Personagem X Tecnologia: O personagem enfrenta os resultados ameaçadores da ciência, que estão além do seu controle. Ex.: Frankeinstein, de Mary Shelley.
Personagem X ele mesmo: Conflito entre um personagem e sua luta interior. Ex.: Raskolnikov em Crime e Castigo, de Dostoiévski.
Personagem X Sobrenatural: A fonte do conflito é o sobrenatural. Ex.: O palhaço que aterroriza as crianças em It – A coisa, de Stephen King.
Mas o assunto da elaboração de personagens não acaba aqui.
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Para quem quiser se aprofundar na criação de personagens de ficção
Criação de personagens de ficção é um tema muito procurado aqui no site. Tanto que o curso sobre o assunto acaba sendo muito adquirido.
E é por isso também que já produzimos muito material sobre o assunto. Como esta live abaixo completamente gratuita respondendo a várias perguntas sobre as principais questões da criação de personagens.
Se criação de personagens é um assunto que interessa a você, então procure se aprofundar ainda mais no assunto. Sempre existe algo a aprender e quanto melhor os personagens, melhor a história.

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