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Gancho no fim do capítulo ou cliffhanger - Como George R.R. Martin faz isso

Vilto Reis
Escrito por Vilto Reis em 28 de agosto de 2018
Gancho no fim do capítulo ou cliffhanger - Como George R.R. Martin faz isso
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Intriga. Não há nada melhor para manter o leitor colado no livro, até mesmo virar páginas e páginas às quatro da manhã. Isso é coisa do cliffhanger.

Afinal de contas, o que nos manteria tão conectados a um livro?

Como isso acontece?

Melhor ainda: como um autor iniciante pode aprender a fazer isso?

Bom, vamos aprender com um cara que manja “um pouco” do assunto.

Um tal de George R.R. Martin. O cara que escreveu As crônicas de gelo e fogo, ou popularmente conhecido como Guerra dos tronos.

 

Cliffhanger — o que é?

O cliffhanger é um recurso narrativo que consiste em deixar o leitor em suspense até o próximo segmento. Seja capítulo, livro ou página, por um corte agudo na narrativa em um momento emocionante.

Esta técnica costumava ser usada nas novelas de folhetim, deixando o protagonista (ou a pessoa que ele tinha que salvar) em perigo iminente de morte (digamos, prestes a cair de um penhasco) pouco antes de terminar o capítulo.

 

Os dois tipos de gancho de capítulo que George R.R. Martin usa

Nem precisamos falar sobre a importância de fisgar o leitor desde a primeira página.

Vamos focar no final de capítulos ou livros. Os famosos ganchos. Aqueles que nos deixam com a boca aberta, sentados na beira da cadeira, ou querendo saber o que acontece no próximo livro.

E quem melhor para isso do que George R.R. Martin, um homem que parece ter o mundo esperando pelo final de sua série de livros?

Bem, não é uma novidade que ele saiba como usar bem o cliffhanger. Vamos ver aqui dois tipos de ganchos podemos aprender com ele.

 

1) O gancho da extremidade do capítulo

Este é um dos recursos mais famosos de Martin.

Ele nos deixa com gostinho de quero mais, e nos mantém na leitura, porque nós queremos saber o que aconteceu com o personagem.

Para aqueles que não sabem como ele estrutura os capítulos, Martin usa em cada um deles um ponto de vista único de um personagem.

Esta estrutura suporta muito bem o uso do gancho no final do capítulo, porque para ler a continuação teremos que ler pelo menos dois outros capítulos. Se o anzol produz um puxão muito forte, não importa o que ponha diante de nós, leremos até sabermos a conclusão.

Na verdade, o importante não é o gancho em si, mas a estrutura criada em torno dele. Veja como ele faz isso no primeiro livro de sua famosa série:

  1. Capítulo de um personagem que nos interessa — final de gancho (oh meu deus, Bran caiu da torre!). Ele nos deixa querendo saber o que aconteceu com Bran, e nós viramos a página, impotentes.
  2. Capítulo ruim (Jon Snow viajando para o norte). Neste ponto, no primeiro livro, o bastardo de Winterfell não causou muita simpatia, no entanto nós estamos ansiosos para ler o que aconteceu com Bran.
  3. Capítulo neutro (Tyrion). A atração que nos levou a ler perdeu força, mas já passamos o pior. Eles nos apresentam um personagem intrigante, de quem não sabemos muito. Algo novo que nos faz esperar sem dificuldade.
  4. Capítulo que resolve o gancho (Bran na cama com as pernas divididas, não lembra o que viu). Finalmente descobrimos o que aconteceu! A tensão é resolvida e há um retorno à calma. Este seria um bom momento para parar de ler e nós provavelmente o faremos.
  5. Capítulo neutro com gancho (Tyrion). O que há de errado com ele? Eles o acusam de jogar Bran fora da torre! Isso renova o ciclo de gancho e transforma um personagem neutro em um incrível. O autor já nos tem novamente na beira da cadeira.

Agora imagine o que você pode fazer. Basta organizar os arcos estruturais de todos os personagens para que você sempre tenha o leitor querendo saber o que acontece com um personagem.

Embora com estímulos constante, o leitor pode se acostumar com o suspense, a ponto de se tornar imune a ele. Como qualquer ferramenta, não abuse dela. O melhor a fazer é cuidar com a dosagem, de modo que, quando precisamos, tenha o efeito desejado.

Vamos ver agora o segundo tipo de gancho.

 

2) O gancho de fim de livro

É o último capítulo (sem contar o epílogo).

Seu leitor passou por um clímax no capítulo anterior e quer saber como seu personagem favorito vai acabar. Mas esse não é o último livro da série, ele sabe que vai continuar.

Como você vai fazer o leitor ficar na história se ele terminou de ler tudo o que queria saber?

Como se fossem vendedores especialistas, o que os escritores fazem é criar uma necessidade para nós. Um último gancho. Esse gancho deve ser mais chocante e surpreendente, porque ele deve permanecer na memória do leitor por um longo tempo, o que for preciso para deixar o próximo livro.

Alguns autores matam personagens. Outros deixam uma última pista para o mistério. Uma revelação que ninguém esperava, não importa o que seja, desde que seja lembrada.

Se o final do livro deixa você com a boca aberta, bom. Esse é um bom gancho no final do livro. Certamente você está querendo saber o que acontece a seguir. Você sabe qual é a sua vez. Esperar.

Mas não perca Martin de vista.

Então, o que deixa os leitores em suspense por anos pode não ser tão sério quanto parece. Mas quando ele tiver seu livro em mãos, isso não importará. Terá todo o livro para ligá-los novamente.

 

Considerações finais sobre gancho no fim do capítulo ou cliffhanger

Como tudo, os ganchos são ferramentas e as ferramentas não são boas ou ruins, depende do uso que é dado. Às vezes eles não são necessários, dependendo do autor e do tipo de história.

Faça o que fizer, não acabe todos os capítulos com frases de gancho. Você acha que eles são legais, mas nem sempre.

 

* Texto traduzido e adaptado do Blog Lecturonauta.




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