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Meditação para escritores — O que é? Como começar? Quais efeitos esperar?

Vilto Reis
Escrito por Vilto Reis em 10 de junho de 2021
Meditação para escritores — O que é? Como começar? Quais efeitos esperar?
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Estou escrevendo este artigo sobre meditação graças ao escritor AJ Oliveira.

Recentemente, este meu irmão do coração participou de um podcast sobre mercado literário. No programa, criticou-se a moda de dizer que é “só fazer meditação, terapia e espalhar gratidão que tudo vai se resolver.” 

No momento, até achei que o pessoal tinha zoado demais a meditação e, depois, mandei um áudio para o AJ, conversamos melhor e entendi que não foi o intuito.

A conversa não morreu aí. 

Como venho praticando meditação há 2 anos quase que diariamente, me ocorreu que seria um bom momento para compartilhar esta minha breve experiência como aprendiz.

Espero que neste artigo, eu consiga transmitir um pouco sobre esta atividade que, acredito, pode ser fundamental aos escritores.

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Continue lendo para saber:

  • O que é meditação?
  • Benefícios da meditação
  • Como começar? Meditação guiada ajuda?
  • Como a visualização criativa pode colaborar com os escritores?
  • Minha experiência pessoal com a meditação

O que é meditação?

Braço de uma mulher, com pulseira de contas, sentada em posição de meditação.
Foto por Ksenia Makagonova

Esta é uma pergunta difícil. Um mestre zen talvez diria que a é a gota caindo da folha. 

Mas nós somos ocidentais, com menos tendências (culturais) a sermos reflexivos, além de mais inclinados a separar cada coisa e entendê-la por partes (alô, Descartes).

Então, o que é a meditação?

Vejamos o que diz Yongey Mingyur Rinpoche no livro Transformando confusão em clareza: Um guia para as práticas fundamentais do budismo tibetano:

Para cultivar uma mente estável independente das circunstâncias, devemos trabalhar com a própria mente. O trabalho direto com a mente revela a qualidade inerente da consciência meditativa. […] O Buda Sakiamuni disse: “Um monge, quando caminha, sabe que caminha; quando levanta, sabe que levanta; quando senta, sabe que senta; quando deita, sabe que deita.” Esse saber, esse reconhecimento de cada momento e de cada atividade, é meditação.

Difícil? Talvez a meditação não nasceu para ser explicada, mas vivida.

Em minha limitada visão, a meditação é o ato de se sentar com as costas eretas, esvaziar a mente, manter os pensamentos distantes, focar na respiração e, depois, afundar-se em si mesmo, permitindo que o autoconhecimento aconteça, dia a dia.

Só ficar sentado? Talvez você tenha julgado inútil? Mas vejamos o que há a ganhar praticando meditação.

Benefícios da meditação

Foto por Colton Sturgeon

Desde o romantismo, acredita-se que o sofrimento e a dor alimentam a boa arte. 

Acho esta crença muito limitada, pois o que o sofrimento e a dor produzem é uma maior sensibilidade às emoções.

O que não nos impede de perguntar: esta é a única forma? E se for possível alcançar este estado de outros meios?

Acredito que o escritor com boa saúde física e mental tem muito mais a contribuir. 

Com isso em vista, a meditação pode ajudar com os seguintes benefícios:

  • Aumento do foco nas atividades;
  • Controle da ansiedade;
  • Atenuação da carência de memória;
  • Menos estresse;
  • Combate ao comportamento depressivo;
  • Contenção de vícios;
  • Autoconhecimento;
  • Desenvolvimento da autoestima;
  • Melhor qualidade de sono.

No livro Em Águas Profundas: criatividade e meditação, o diretor de cinema David Lynch relata que uma escola em Washington introduziu a meditação transcendental no cotidiano das aulas. Era uma área com histórico de casos de violência, tiroteios e suicídios. No entanto, ter mais consciência de si mesmos operou uma incrível mudança comportamental nos estudantes.

São motivos suficientes, não? Vejamos por onde iniciar.

Como começar? Meditação guiada ajuda?

Mulher em meditação na praia, sentada na areia olhando o horizonte.
Foto por Simon Rae

Talvez uma das grandes vantagens da meditação seja que ela é livre, gratuita e acessível a todos.

Você não precisa de nada, a não ser você mesmo.

Passo a passo simples

Basta se sentar no chão, na beirada de uma almofada, ou mesmo na beira de uma cadeira. Mantenha as costas eretas, mas de maneira natural. As mãos podem ser postas abertas sobre o colo e com os polegares quase tocando, formando o mudra côsmico (aquela posição do Buda); ou fazendo o símbolo do ok, mas com as costas das mãos sobre os joelhos; ou na forma egípcia, com as mãos abertas e para baixo cobrindo os joelhos.

De olhos fechados ou semiabertos (como preferir), respire fundo algumas vezes, buscando se concentrar apenas na respiração. Em seguida, procure ouvir todos os sons ao redor, perto e distante. Sinta a textura da roupa que está sobre si, os odores e as sensações. 

Agora, a parte principal. Torne sua concentração à própria mente e à respiração. Veja como os pensamentos se apresentam, deixe que passeiem livremente. Não os julgue. Com o tempo, a mente vai se esvaziando. Permaneça neste estado o máximo de tempo possível.

Importante ter em mente

A princípio, você ficará 2 ou 3 minutos. Depois, 10, 15, talvez 20. O importante não é o quanto tempo permanece, mas a prática diária e constante.

Achou muita informação? Sempre temos as meditações guiadas disponíveis na internet. Neste caso, vou deixar duas sugestões que me ajudaram muito: a Monja Coen e o canal Yoga para Você.

Dalai Lama disse em O Livro de Dias:

“A única forma de desenvolvimento é um esforço constante através da meditação. É claro que, no início, isso não é fácil. Encontram-se dificuldades inesperadas, às vezes há perda de entusiasmo. Ou talvez o entusiasmo inicial seja excessivo e diminua progressivamente com o passar das semanas ou meses. É preciso elaborar uma abordagem persistente, constante, baseada em um compromisso de longo prazo.”

Ok, mas o que isso tudo tem a ver com escritores?

Como a meditação e a visualização criativa pode colaborar com os escritores?

Folhas de diversas estações, afinal a meditação ajuda você a encarar os ciclos da vida.
Foto por zero take

Este tópico rende um artigo por si só, mas podemos introduzir o assunto.

Qualquer currículo de ordem iniciática começa trabalhando com: meditação e, depois, visualização criativa (também conhecida como criação mental ou outros nomes).

O que seria isso?

A visualização criativa consiste em você criar algo mentalmente. Ou seja, após uma meditação, um processo de conexão consigo mesmo, você constrói em seu espaço mental um espaço que seja só seu, um objeto ou algo que almeja.

Considere a carreira de um escritor. Imagine que ele fixe um objetivo, digamos: “publicar seu primeiro livro em uma editora tradicional e fazer um lançamento em live com um influenciador do mercado literário.”

Agora imagine que todos os dias este escritor medite. Após um período de autoconhecimento, então, ele visualize na mente seu objetivo. Enxerga-se em frente ao seu notebook, segurando uma cópia da sua obra, com uma bela capa e o influenciador fazendo perguntas para si. E repete isso dia a dia, disciplinadamente.

Talvez vocês se pergunte, mas só por visualizar, isso vai acontecer?

Não. Com certeza, não.

Um dos propósitos da visualização, neste caso, é estabelecer um objetivo transparente, que não sai do horizonte do escritor.

Para ele atingir este objetivo, deve correr atrás e propiciar a possibilidade de que ele se cumpra. Ou seja, fazer sua parte.

Vou tomar um exemplo de Harvey Spencer Lewis, fundador da AMORC, que se aplica à questão. Imagine quantas pessoas todos os anos fogem das prisões. Num verdadeiro duelo contra os arquitetos de segurança, estes indivíduos conseguem vencê-los. Como? Eles estão focados neste objetivo com atenção máxima, visualizam a fuga, mesmo sem saber disso e trabalham para que ela se realize.

Agora leve em conta do que seríamos capazes caso conseguíssemos nos dedicar da mesma forma a determinado objetivo.

Não vejo nada de sobrenatural ou religioso em tudo isso, a não ser a lei natural da vida.

Voltemos à meditação.

Minha experiência pessoal com a meditação

Foto por Joshua Woroniecki

Preciso dizer que não sou nenhum especialista. Muito menos um guru da meditação. Estou mais para um iniciante, um mero buscador entusiasta que gostaria de compartilhar de tal empolgação com as pessoas à sua volta.

Bom, tudo começou em março de 2017, quando li o livro Em Águas Profundas: criatividade e meditação, de David Lynch. Encontrei esta obra em um sebo, por R$ 10, e só a adquiri pois vi que um dos meus diretores de cinema favorito falaria de seu processo criativo.

Após a leitura, comecei a praticar meditação do jeito que entendi como deveria ser feito. Foi por pouco tempo, uns 2 meses. Depois disso, veio um namoro, casamento, gravidez, nascimento e separação, e eu acabei deixando de lado.

Em junho de 2019, recomecei minha vida. A depressão havia voltado, me empurrando em uma espiral descendente de tristeza. Então decidi que retomaria bons hábitos e adotaria outros. Voltei a praticar exercícios físicos e meditação, uma coisa parecia complementar a outra e, em poucos meses, saí do poço da depressão, com auxílio de fitoterápicos, e me mantenho estável até hoje.

Para ser sincero, não acredito que a meditação possa salvar alguém de alguma coisa. Contudo, ela pode colaborar no processo. Ter os sentimentos menos confusos e conseguir pensar com transparência nos assuntos é uma dádiva incrível. Diria até que é um passo fundamental para você assumir as rédeas de sua vida.

Há dias bons e dias ruins, mas independente disso, um novo dia virá. A meditação costuma propiciar este tipo de tranquilidade para encarar a vida.

Bora começar?

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